Esta não é uma carta de amor
Antes de começar o texto, queria dizer que sei bem que rima em prosa não é bem vista, mas quando escrevi isso, essa era minha última preocupação. O que saiu das minhas palavras, veio do coração, então decidi deixar assim. Foi proposital.
“Querido,
Escrevo essa carta porque nunca pude te dizer o que realmente sentia ou onde realmente me doía. Não foi sua culpa que eu não pude me expressar, afinal, só consegui entender o meu coração depois de o tempo passar. Essa, entretanto, não é uma carta de amor. É a carta que nunca te enviei por temor.
Já fazem mais de cinco anos e sei que segue feliz com uma nova família e talvez nem se lembre mais de mim. Mas eu lembro de você, lembro de cada palavra ferina com a qual me esfaqueou. Lembro de cada carícia que deixou um hematoma em meu corpo. Lembro de cada grito que ouvi, de cada vez que não sorri… de cada dia que morri…
Eu apenas rezo pra que ela não passe pelo que eu passei, para que não lide com os tapas que lidei… para que não guarde a dor que eu guardei…
Eu não consigo te esquecer e quem dera eu minha dor fosse de coração partido, mas é a dor de cada tapa, soco e chute deferido. Eu não sofro de amor, eu sofro de trauma e dor.
Ainda te vejo quando fechos os olhos. Em meus sonhos eu nunca consigo fugir, você está sempre atrás de mim, me fazendo lembrar das incontáveis lágrimas que deixei cair.
Não, essa não é uma carta de amor…
Nunca mais sua,
Apenas minha.”
Ann H. Campbell